Não vá para a cama sem sono
Postada em: 18/06/2008
Fonte: O Estado do Paraná - PR 26/03/2008

O ser humano passa um terço da sua vida dormindo, no entanto, pesquisas apontam que um em cada três brasileiros sofre de insônia ou dorme muito mal. Então, se você é um daqueles felizardos que só encosta a cabeça no travesseiro, fecha os olhos e dorme a noite inteira, comemore. Afinal, fazer parte da legião de insones que se revira na cama ou perambula pela casa não traz nenhuma vantagem. Ao contrário, os distúrbios do sono, silenciosamente ou não, podem levar a uma série de doenças que afetam a qualidade de vida das pessoas.

O engenheiro civil J. M. Martins, de 48 anos, começou a observar que acordava sempre com a sensação de fadiga. Além disso, o trabalho em frente ao computador começou a ficar cada vez mais exaustivo. “Depois de três, quatro horas trabalhando já me sentia cansado”, conta. Após o almoço, lembra o engenheiro, batia uma sonolência quase insuportável. Outro inconveniente que o acompanhou por muito tempo foi o fato de o sono surgir durante viagens, enquanto dirigia. Todos esses inconvenientes eram por conta de um único problema: dormir mal.

Nesta semana, dedicada aos bons hábitos do sono, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) convida a população a adotar sete dias de bons hábitos para o sono. Após este período, a pessoa já sentirá diferenças, mas somente após quatro semanas é que os resultados importantes serão notados. Estes hábitos devem ser utilizados todos os dias, formando uma rotina. Mesmo se sentir dificuldades, a pessoa deverá insistir, avisa Gilmar Fernandes do Prado, coordenador nacional da Campanha, incentivada pela ABN.

Distúrbios do sono
Não há estudos específicos sobre todas as conseqüências das doenças geradas pelo sono, mas o que é comprovado é que pacientes com insônia utilizam muito mais os serviços médicos de qualquer natureza (clínicos e/ou psiquiátricos) e que faltam ao trabalho cerca de 3,5 vezes mais ao mês do que aqueles que dormem bem. Segundo o coordenador, muitas vezes a pessoa só procura um médico após algum tipo de acidente. De trânsito, por exemplo.

Para reconhecer que a pessoa sofre de distúrbios do sono, os médicos indicam que pelo menos um dos seguintes sintomas deve ser relatado: fadiga, déficit de atenção, concentração e memória; disfunção social e/ou baixa produção escolar; distúrbio do humor ou irritabilidade; sonolência diurna; redução de energia para as tarefas diárias e desmotivação; predisposição a erros e acidentes no trabalho e no trânsito; tensão, dor de cabeça ou sintomas gastrintestinais devido à perda de sono e estresse e preocupação sobre o sono.

“Esses episódios podem estar relacionados a vários fatores, e são bastante individuais e afetam cada pessoa de uma maneira diferente”, reconhece Prado. Entre as situações que podem provocar tais distúrbios estão as expectativas (viagens, compromissos, reuniões, provas, etc.), problemas clínicos, emocionais, passageiros ou excitação associada a determinados eventos, entre outros.

Atividade essencial
Para comprovar a incidência do distúrbio, dados do Ministério da Saúde apontam que, somente pelo SUS, nos últimos dois anos foram realizadas quase 15 mil polissonografias, apenas em nove estados, incluindo o Paraná. “Esse levantamento mostra que o número de queixas de noites mal dormidas vem aumentando consideravelmente”, constata o coordenador da campanha.

Para a neurologista Márcia Assis, especialista em distúrbios do sono e coordenadora da campanha em Curitiba, dormir é uma atividade essencial, “como beber água ou comer” e que precisa ser adequadamente preservada. Dormir bem é essencial para a boa saúde. Segundo a especialista, é quando os órgãos descansam do desgaste das horas em que passamos acordados, recuperando os hormônios vitais para o funcionamento do organismo. “Dormir faz bem para o corpo, mente e alma, além de trazer importantes ganhos na qualidade de vida”, atesta a especialista.

Médicos e pesquisadores da área da saúde no mundo já detectaram que existem mais de 70 tipos de distúrbios do sono, como ronco, insônia, síndrome das pernas inquietas, sonambulismo e alguns graus de apnéia do sono. Segundo dados da American Heart Association, a forma grave do distúrbio atinge mais de 7% da população adulta. A apnéia se caracteriza por interrupções na respiração durante o sono, ocasionado pelo bloqueio da passagem de ar na faringe.

Ladrões de sono
Existem mais de 80 tipos de distúrbios do sono classificados pela medicina. Alguns mais freqüentes e outros menos comuns. Conheça alguns deles:

Apnéia do sono - A respiração pára durante o sono por causa da obstrução da passagem de ar pela garganta. O cérebro emite um sinal, provocando o despertar. Cada interrupção dura alguns segundos, fragmentando o sono.

Ronco - Estreitamento das vias respiratórias que fazem vibrar o céu da boca e a campainha da garganta quando o ar passa. Acorda-se pelo barulho.

Síndrome das pernas inquietas (RLS) - Movimento compulsivo induzido por uma necessidade inconsciente de movimentar as pernas, causando o despertar e diminuindo as horas de sono.

Bruxismo - Ranger ou apertar os dentes enquanto dorme. Pode ser causado por tensão emocional ou problemas na arcada dentária.

Pesadelos - Sonhos desagradáveis. Acorda-se com sensação de cansaço e angústia.

Sonambulismo - É mais comum na infância e adolescência e costuma desaparecer com o tempo.

Terror noturno - Acontece na infância e as crianças acordam assustadas. Ligadas a fatores emocionais, desaparecem com o crescimento e a maturidade.

Bons hábitos
- Não vá para cama até estar com sono.
- Procure acordar no mesmo horário todas as manhãs, inclusive nos finais de semana e feriados.
- Se sentir que precisa, nos finais de semana, durma uma hora a mais.
- Não faça cochilos.
- Não consuma bebidas alcoólicas durante o período de quatro horas antes de ir para cama.
- Evite tomar café no período de seis horas antes de se recolher.
- Evite o fumo antes de ir para cama.
- Evite esforços físicos após as 18 horas.
- Use o bom senso para manter o ambiente apropriado para o sono.
- Não use sua cama ou quarto para outra atividade que não seja dormir.
- Não assista TV, leia, discuta ou faça refeições na cama.
- Faça alguma atividade tranqüila até começar a sentir sono e ir para o quarto dormir.


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