Estresse no trabalho faz mal ao coração
Postada em: 07/03/2008
Fonte: Folha de Londrina - PR 03/03/2008

Quanto o estresse no trabalho repercute na saúde do seu coração? Uma pesquisa feita na Inglaterra e publicada em fevereiro na revista European Heart Journal mostra que a relação pode ser bem estreita - pessoas que sofrem de estresse crônico têm 68% a mais de chance de desenvolver uma doença cardíaca do que aqueles que não sofrem pressão.

O cardiologista Ricardo Rodrigues, de Londrina, acredita que essa informação é importante não só para aqueles que desejam evitar a doença, mas particularmente no caso daqueles pacientes que já tiveram algum evento cardíaco e passam por tratamento.

O médico explica que, hoje, o tratamento é feito com medicamentos como o ácido acetilsalicílico e a estatina, além do controle dos fatores de risco, como tabagismo, obesidade e hipertensão arterial. Mas, mesmo que o paciente tenha um tratamento excelente há ainda o chamado risco residual - a chance de apresentar um novo problema - que pode chegar a 18% dos casos.

Um trabalho publicado no New England Journal, em abril de 2007, mostrou que 18,4% dos pacientes que tiveram um evento cardiovascular, voltaram a ter problemas de novo em um período de sete anos, mesmo com um ótimo tratamento. ''O remédio é importante, não há dúvida, mas não é suficiente. Então, é preciso buscar quais os fatores de risco para a doença cardiovascular além dos habituais, como tabagismo, hipertensão e obesidade. E essa pesquisa reforça que o estresse é um desses fatores'', afirma. Ele lembra que o estresse psicossocial, aquele causado por morte na família, falência e quadro depressivo, já foi apontado em outra pesquisa, esta de 2004, como fator que aumenta em 2,67 vezes a chance de um infarto.

No ambiente de trabalho, os fatores que levam ao estresse não têm relação com o salário, como seria de se esperar, mas com as exigências em cima do empregado e sua autonomia. A pesquisa feita na Inglaterra, com mais de 10 mil funcionários públicos, durante 12 anos, mostrou que naqueles que tinham exigência alta, mas também autonomia alta, como os executivos, o nível de estresse era baixo. Nos trabalhadores com baixa exigência e baixa autonomia, a marca era a passividade. O estresse aparecia naqueles com alta exigência e autonomia baixa. ''Não é verdade que o executivo morre mais de doença cardíaca. O estresse no trabalho está ligado à falta de confiança, de orgulho, de autonomia e auto-estima baixa. O salário influencia em parte, mas é a satisfação o mais importante'', aponta o médico.

A pesquisa ainda mostrou que os níveis de cortisol, o chamado hormônio do estresse, estavam elevados naqueles indivíduos pesquisados que disseram estar estressados, mostrando como o problema altera a química do corpo. ''É importante porque mostra a relação biológica do estresse'', ressalta.

Segundo o cardiologista, o nível alto desse hormônio leva ao aumento de adrenalina, ao aumento de peso, e à diminuição da resistência à insulina. ''Em consequência disso, vem a hipertensão e o diabetes, que levam à arteriosclerose, que pode levar ao infarto'', alerta.

Como uma ''bola de neve'', além do estresse propriamente dito, todo esse quadro, ressalta o médico, também leva a comportamentos nocivos ao indivíduo, como fumar mais, comer mais, e fazer menos atividade física, nocivos para o coração.

O cardiologista Ricardo Rodrigues explica que o nível alto de cortisol, o chamado hormônio do estresse, leva ao aumento de adrenalina, ao aumento de peso, e à diminuição da resistência à insulina. ‘‘Em conseqüência disso, vem a hipertensão e o diabetes, que levam à arteriosclerose e que pode levar ao infarto’’.


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