Pular refeições, quase não variar o cardápio e trocar a ingestão de alimentos nutritivos por outros nem tanto são os principais pecados cometidos à mesa pelo brasileiro. “Hoje em dia, mesmo com tantas informações, o que mais se percebe na dieta do brasileiro é uma desorganização alimentar”, indica o cirurgião do aparelho digestório Gustavo Gomes de Castro Soares, do Hospital Pilar, especialista em nutrologia. Assim, uma parcela significativa da população, mesmo com poder aquisitivo para colocar à mesa alimentos saudáveis, passa por uma dieta inadequada, tanto em quantidade quanto em qualidade.

Organização alimentar

O especialista comenta que não se trata da desnutrição de quem passa fome, mas, sim, da ingestão de vitaminas e minerais em quantidade insuficiente para o bom funcionamento do organismo. Para piorar o quadro, muitas pessoas, inadvertidamente, buscam nos complementos vitamínicos o seu suporte alimentar. “Fazendo isso, estão consumindo produtos sem a devida necessidade e negligenciando uma alimentação de boa qualidade, além de gastar dinheiro sem necessidade”, afirma o médico. “Vitamina só pra quem está doente”, enfatiza Soares.

Algumas vezes, o organismo emite sinais claros de carência nutricional. Unhas quebradiças, queda de cabelo, mau humor e insônia são os indícios de que tem nutriente faltando no organismo. Há comprovação de que idosos, gestantes, atletas e pessoas que mantêm um ritmo de vida agitado, com raríssimas exceções, ficam longe do consumo ideal de nutrientes. “Para estes, a saída é uma organização alimentar que inclua o consumo equilibrado e diário de frutas, verduras, carnes, leite, leguminosas e cereais”, insiste o nutrólogo.

Conforme o nutrólogo Mauro Fisberg, pessoas debilitadas podem e devem reforçar a dieta com suplementos vitamínicos. “Desde que indicados por um médico especialista em nutrição”, adverte. O especialista alerta que cápsulas de vitaminas sozinhas não fazem milagre. A pessoa precisa reeducar a sua alimentação também. Isso porque essas vitaminas carregam porções minuciosamente calculadas para completar a dieta, fazendo com que o consumo de nutrientes chegue perto do desejado.

O coração agradece

Segundo o cardiologista Marcos Bubna, do Hospital Cardiológico Costantini, a má alimentação mantida por um longo período provoca o desequilíbrio no organismo.

"A conseqüência dos hábitos alimentares irregulares são a obesidade e o aumento das taxas de colesterol, dois dos principais fatores de risco de se desenvolver doenças cardiovasculares", comprova.

Só no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mais de 300 mil pessoas morrem por ano em decorrência de doenças do coração.

A melhor maneira de afastar o risco é a prevenção, por isso, Bubna alerta que uma das medidas essenciais é manter controladas as taxas de colesterol, que podem evitar as doenças cardiovasculares. Cuidados básicos, que estão ao alcance de qualquer pessoa que viva numa rotina agitada, podem salvar vidas.

Como prevenção, de acordo com o especialista, é essencial adotar uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos regularmente. Ele alerta ainda sobre a alimentação inadequada dos jovens, reféns de refrigerantes, sanduíches, salgados e massas preparados em fast foods e que cada vez mais cedo convivem com a obesidade. "Há um grande número de crianças e adolescentes que apresentam altos índices de colesterol ruim e alterações na taxa de triglicerídeos, causadas por esse tipo de alimentação", completa.

Abaixo, alguns hábitos citados por Bubna que podem fazer a diferença entre ter ou não um coração saudável.

Rotina para um coração saudável

* Reduzir o sal da alimentação

* Evitar frituras e alimentos gordurosos

* Diminuir o consumo de carne vermelha

* Aumentar o consumo de peixes e frango

* Optar por alimentos ricos em fibras, como aveia, pães integrais e vegetais

* Limitar a ingestão de gorduras saturadas

* Manter o corpo hidratado

* Moderar o consumo de bebidas alcoólicas

* Abandonar o cigarro

* Praticar exercícios físicos regularmente