Demora em buscar ajuda é fatal
Postada em: 05/10/2007
Fonte: Jornal do Brasil - RJ 01/10/2007

Ao sentir dor no peito, os brasileiros demoram duas horas em média para buscar ajuda. O atraso prejudica a possibilidade de um tratamento eficaz do mal cardíaco, que evite seqüelas, e aumenta as chances de enfarte e morte súbita. Entre os motivos do descuido estão a crença de que a dor é emocional e a demora no deslocamento e atendimento nos centros médicos.

Os únicos que correm para o hospital ao sentir dor no peito são aqueles com histórico de doença cardíaca na família, que chegam a ser mais ágeis do que os que já sofreram enfarte no passado. As conclusões são de uma pesquisa, realizada pelo hospital Pró-Cardíaco, com 413 pacientes que sofreram de dor torácica. Os resultados foram divulgados por ocasião do Dia Mundial do Coração, celebrado hoje, com o objetivo de alertar sobre a importância do atendimento imediato no caso de problemas cardíacos.

- Nem diabéticos e fumantes buscam atendimento no tempo que deveriam, ou seja, em uma hora, pelo menos - conta Marcelo Assad, coordenador da Unidade de Dor Torácica do hospital. - O paciente que já enfartou demora porque quer negar a verdade, não quer acreditar que está passando pelo problema novamente. Mas é importante que a pessoa valorize a dor torácica e deixe o hospital determinar se o problema é grave.

No Brasil há, por ano, 4,5 milhões de atendimentos por dor torácica, representando até 10% de todos os atendimentos de emergências, e 20% deles são de diagnósticos de enfarte. Mas a dor revela outras doenças importantes, como embolia pulmonar, síndrome aórtica aguda, ruptura no esôfago ou um quadro pneumotórax hipertensivo.

Assad explica que, quanto maior a demora, maior a chance de arritmia seguida de morte. Muitos remédios só têm efeito em caso de enfarte se administrados nas primeiras duas horas.

Segundo o estudo, o primeiro motivo de atraso é a dificuldade de identificar a dor. O paciente pensa que o problema é angústia, que está sofrendo de gases, jeito no ombro ou dor de estômago. O segundo motivo é logístico. Pelo trânsito e a pouca oferta, demora até o paciente se deslocar para os grandes centros de atendimento. O último empecilho é o tempo longo entre a chegada do paciente ao hospital e o atendimento efetivo. Este é o fator mais grave, segundo os médicos.

Dohmann explica que a conseqüência mais comum para pacientes em risco é a insuficiência cardíaca, grande epidemia neste século. O mal é a principal causa de internação entre pessoas com mais de 65 anos e está sempre entre as duas ou três principais causas de internação em geral. Aparece depois de problemas como enfarte, hipertensão, alcoolismo e diabetes.

- O coração fica grande e fraco. O paciente sente dor e falta de ar - resume Dohmann.

Para tratar a insuficiência cardíaca, é preciso praticar atividade fisica controlada, sob supervisão, tomar remédios, ou passar por cirurgia.



Retornar ŕ Área de Notícias