Um mal jeito, uma noite maldormida, períodos de muita tensão e eis que ele aparece - o torcicolo. Mas será que é possível prevenir esse incômodo? E como agir na hora da dor?

O ortopedista Áureo Cinagawa, de Londrina, explica que os músculos trabalham contraindo e relaxando. O torcicolo é causado por um movimento brusco, que causa a contração do músculo, e este não relaxa.

Esse espasmo ou contratura muscular, deixa o esternomastóideo (músculo do pescoço) duro, impossibilitando os movimentos e causando uma dor intensa. ''A pessoa perde a mobilidade da coluna cervical (região do pescoço), perde os movimentos naturais de inclinar, flexionar e rotacionar o pescoço'', explica a fisioterapeuta Ângela Zampieri, de Londrina.

Ela explica que a dor dura de três a cinco dias, e em alguns casos, o paciente pode até precisar ser afastado no trabalho, para ficar em repouso. As mulheres são as mais atingidas pelo torcicolo, mas segundo o ortopedista, não há explicação científica para isso.

Medicamentos como relaxante muscular e antiinflamatório só devem ser usados com orientação médica, já que tem efeitos colaterais. Como a duração do fenômeno é breve, acaba não comprometendo tanto outras partes do corpo. ''Normalmente quando há dor muscular circunvizinha (no ombro, por exemplo) é porque a pessoa 'segurou' a região toda, como uma forma de defesa'', explica Ângela.

O torcicolo, segundo a fisioterapeuta, pode ser de três tipos. O congênito é aquele em que o bebê já nasce com uma fibrose no músculo, e é necessário fisioterapia para resolver o problema e realinhar a cabeça. Ângela explica que para o bebê o tratamento é traumático, por causa da dor, mas que se não for tratado, fica assimétrico para o resto da via, o que pode colaborar para o desenvolvimento de escoliose (desvio da coluna). Outro tipo de torcicolo, raro, é o espasmódico, causado por um comprometimento neurológico e tratado com toxina botulínica.

O mais comum, e que praticamente todas as pessoas já tiveram alguma vez na vida, é aquele em que a pessoa dorme bem e acorda mal, e fica com dor e sem mobilidade por alguns dias. Neste caso, é preciso se perguntar como está dormindo, como são as atividades diárias e como é a postura no ambiente de trabalho. Tudo isso, segundo a fisioterapeuta, pode colaborar para o aparecimento do torcicolo.

A posição ideal para dormir, por exemplo, é de lado, com um travesseiro fino entre os joelhos para deixá-los alinhados. O travesseiro, ensina a fisioterapeuta, precisa ter uma altura que preencha o espaço entre o ombro e a orelha, o que varia de pessoa para pessoa. ''Dormir de maneira inadequada é uma das causas da contratura muscular'', alerta. Mas, estresse, tensão, inatividade física, postura inadequada ao trabalhar no computador e carregar mochilas e bolsas pesadas também colaboram para o aparecimento do torcicolo.

Na hora da crise de torcicolo, além da medicação, se for indicada por um médico, algumas terapias tem boas respostas - acupuntura, massagem e fisioterapia analgélsica. Também vale a ''receita da vovó'' de fazer compressas quentes. ''O que não pode é forçar, porque isso sim pode causar rompimento das fibras e lesões maiores'', alerta a fisioterapeuta.