Quando falta o ar
Postada em: 18/09/2007
Fonte: Dieta - Já 29/08/2007

Muita gente confunde asma com bronquite. Qual a diferença?

Os sintomas são realmente parecidos, como a falta de ar e o chiado no peito, chamado de bronco-constrição. A bronquite é uma inflamação do brônquio, que ocorre em várias doenças com tosse e a produção de catarro. Na asma também há essa inflamação, mas causada por mecanismos tanto alérgicos como não-alérgicos. Esses mecanismos desencadeiam crises que, quando passam, o paciente volta ao normal. As pessoas têm um certo preconceito em dizer que têm asma, pois acham que terão uma vida limitada, que podem morrer. Assim, chamando de bronquite, parece que há um alívio.

A asma é uma reação alérgica ou genética?

Tem a ver sim com informação genética, mas também com o desenvolvimento do sistema imunológico decorrente da programação de vacinas, aleitamento materno, obesidade, tabagismo, carpetes, cortinas, animais de estimação em casa e outros fatores. Apesar da alergia ser um mecanismo inflamatório importante na asma, há outros nos quais os brônquios inflamam sem ser por alergia.

Quais são os principais sintomas?

Surtos de tosse, chiado no peito e falta de ar, desencadeados por fatores como pó, mudança climática, odores, perfumes, produtos de limpeza, fumaça, estresse, alterações na umidade do ar, poluentes, exercícios, risadas e medicamentos como o ácido acetilsalicílico. Esses sintomas melhoram com o afastamento da causa que provocou a crise ou, então, com medicação específica.

A poluição em grandes cidades afeta as pessoas asmáticas?

Sim, porque o aumento de partículas e gases, como o ozônio, agridem o organismo e, por isso, aumentam a chance de um asmático entrar em crise.

Ela tem cura?

Não, mas a asma é perfeitamente controlável. Alguns pacientes ficam tão estáveis que até podem parar de usar medicação, o que não significa cura.

O que desencadeia a doença?

Existem fatores, chamados gatilhos, que podem piorar muito a vida de um asmático. São eles: alérgenos, irritantes, infecção viral, ar frio e medicamentos. Como o tabagismo ativo ou passivo, poeira, pelos de animais, fungos comuns em casas úmidas, vírus influenza, medicamentos, poluição etc.

Como é possível evitar as crises?

Controlando as exposições do paciente a esses fatores desencadeantes e, depois de diagnosticado o problema, usando medicamentos recomendados pelo médico. O principal deles é o corticóide inalatório, pois controla o processo inflamatório da asma e evita as crises.

Os asmáticos podem e devem ter vida normal, inclusive fazer exercícios físicos e dietas para emagrecer.

Qual é o tratamento mais indicado?

A cortisona é o medicamento mais eficaz. Para evitar efeitos colaterais, se dá preferência pelo seu uso inalatório, pois tem excelente resultado tópico, baixa absorção pelo organismo, sendo seguro seu uso em crianças e grávidas.

As famosas bombinhas viciam o paciente?

Não. A “bombinha” é uma forma de administrar o medicamento por via inalatória. O vício só acontece quando alguém usa o medicamento sem necessidade.

A asma pode ser controlada com cortisona. Mas tomar todo dia esse medicamento não engorda ou incha?

Cortisona sistêmica, na forma de injeção de depósito, leva aos maiores efeitos colaterais. Quem tem asma grave, que exige uso de corticóide sistêmico, deve seguir acompanhamento médico de perto, para controlar a doença e minimizar os efeitos colaterais do medicamento.

As “bombinhas” engordam?

Não, pois são de uso tópico. Aliás, permitem que o paciente respire melhor e possa praticar exercícios aeróbicos, vindo até a emagrecer se desejar.

As vacinas antialérgicas funcionam contra esse mal?

Sim, quando a asma é provocada por um só alérgeno, permitindo um tratamento mais específico. Como os asmáticos têm crises por frio, nervoso etc., não há vacinas para eles. Assim, seria necessário um tratamento longo, com injeções, de eficácia parcial.

Quando não tratada, a asma pode levar à morte?

Sim, em quem não consegue reconhecer a gravidade da sua doença.

Os exercícios físicos ajudam?

Sim. A natação, por exemplo, desenvolve a musculatura e o asmático pode suportar melhor uma crise.

Quais são as recomendações básicas para o doente?

Como a asma não tem cura, é preciso aprender a conviver com a doença. Em primeiro lugar, identifique os fatores ambientais que favorecem uma crise, como mofo, pelos, poeira, poluição, e afaste-se deles. Depois é só usar sem medo os medicamentos receitados pelo especialista.

Mesmo com asma, é possível ter uma vida normal?

Sim, basta controlar a doença. Há vários atletas de elite que são asmáticos.



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