A cabeça pede socorro
Postada em: 17/09/2007
Fonte: Zero Hora - RS 21/08/2007

Às vezes, qualquer barulho ou sinal de luz irrita. Parece haver um martelo batendo insistentemente no crânio ou um alguém que pressiona apenas um lado da nossa cabeça, fazendo latejar tudo por dentro.

Conhecida também como cefaléia, a dor de cabeça pode ser causada por inúmeros fatores e já atingiu, pelo menos uma vez, a maior parte da população. Capaz de produzir uma sensação de desconforto, que não tem hora para chegar, a dor ocorre devido a distúrbios neurovasculares causados por desequilíbrios de neurotransmissores (responsáveis pela comunicação entre as células nervosas do cérebro), como a serotonina e a adrenalina.

Para compreender os tipos de cefaléia e suas causas, especialistas a subdividiram em dois grupos (primárias e secundárias). As primárias, que não são consideradas graves, são decorrentes de distúrbios bioquímicos do cérebro que levam à dor e não têm causas orgânicas.

Podem estar relacionadas a tensões, mudanças hormonais, estresse, ansiedade, má alimentação e falta de sono, diz Clovis Roberto Francesconi, neurologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Caracterizada por uma dor forte que atinge um lado da cabeça e por deixar as pessoas sensíveis ao barulho e à luz, a enxaqueca também é uma cefaléia primária. De acordo com a neurologista Liselotte Menke Barea, coordenadora da Unidade de Cefaléias Agudas da Santa Casa de Porto Alegre, 16% a 18% das mulheres entre 20 anos e 40 anos têm enxaqueca. Nos homens, esse índice é de 6%.

- A enxaqueca pode ocorrer naquelas pessoas que ficam muito tempo sem se alimentar ou dormem muito ou pouco, por exemplo - diz a neurologista.

Quando a enxaqueca ou as cefaléias perduram por mais de 15 dias por mês, durante três meses, o paciente pode estar vivendo um quadro crônico. Nas emergências hospitalares, 92% dos pacientes que apresentam dores de cabeça sofrem dessa agudização da cefaléia crônica, diz Lisellote.

Mais graves, as dores de cabeça secundárias são causadas por doenças ou problemas em quaisquer regiões do corpo. Entre os fatores agravantes estão as alterações metabólicas, o acidente vascular cerebral (AVC), infecções (como sinusite, meningite), problemas oculares e situações pós-traumáticas.

- Sinais de fraqueza, dificuldade para caminhar e enxergar precisam ser investigados quando relacionados às dores de cabeça - alerta Francesconi.

Para evitar uma dor que muitas vezes parece inevitável, Francesconi indica a redução no consumo de bebidas alcoólicas, alimentos específicos (confira no quadro), sono de qualidade e atividade física.

Tipos

Primárias: causadas por distúrbios bioquímicos do cérebro que levam à dor. Diversos fatores, como tensão, período pré-menstrual, estresse, ansiedade, alimentação e falta de sono desencadeiam a dor. Dentro desse grupo está a enxaqueca e a cefaléia tensional.

Enxaqueca: caracterizada por uma dor episódica latejante na metade da cabeça, a enxaqueca acomete entre 15% e 16% das pessoas no mundo. É geralmente acompanhada por sensibilidade à luz e ao som, náuseas e vômitos, e dura entre quatro horas e 72 horas (agravada com atividades do dia-a-dia). Para melhorar os sintomas, o indicado é adotar horários regulares de sono e alimentação balanceada

Secundárias: decorrentes de doenças ou de problemas em quaisquer regiões do corpo. Algumas doenças que causam a cefaléia: acidente vascular cerebral (AVC), alterações metabólicas, hipertensão, infecções (como meningite, sinusite), processos tumorais, resfriados, traumatismos etc. Dores de cabeça de intensidade e freqüência crescente devem motivar uma consulta médica, quando será investigada e, se identificada, tratada uma causa orgânica.

Causas

- Alteração hormonal

- Álcool

- Alimentos (cafeína, chocolate, condimentos, adoçantes, conservantes, embutidos, temperos, principalmente da culinária chinesa)

- Excesso ou falta de sono

- Estresse

Tratamento

- Analgésicos e antiinflamatórios (nos casos em que a dor de cabeça é causada por tensão)

- Medicamentos específicos com ação vasoconstritora (para as crises de dor forte)

- Em pacientes com crises freqüentes e incapacitantes, é indicado o tratamento medicamentoso preventivo

Curiosidade

- De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela neurologista Liselotte Menke Barea e aplicada em escolas de Porto Alegre, as cefaléias do tipo enxaqueca ocorrem em 9% dos jovens de 10 a 18 anos.



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