Reação ao estresse é doença
Postada em: 16/09/2007
Fonte: O Estado do Paraná - PR 08/08/2007

Nos jornais, a notícia sobre pais que esquecem filhos dentro dos carros se repete. A justificativa também é a mesma: problemas emocionais e tensão no trabalho. Para a maioria, a situação é resultado de negligência. Contudo, psicólogos afirmam que esquecer uma criança dentro do carro pode ser, realmente, conseqüência de estresse. “Nos centros urbanos, vivemos cada vez mais ocupados e preocupados, especialmente com questões financeiras e de segurança. Muitas pessoas experimentam um nível insustentável de pressão”, explica o psicólogo Erich Botelho, especializado em adolescentes e família.

De acordo com o terapeuta, os lapsos fazem parte do quadro de estresse. “O indivíduo entra em um estado no qual começa a agir de forma robotizada, ou seja, sem a consciência do momento presente”, explica, salientando que o fator agravante é quando não se dá conta do problema.

A reação aguda ao estresse é uma doença classificada pelo n.º 43 no CID (Código Internacional de Doenças). “Os sintomas são físicos e psíquicos, vão de fadiga a dificuldade de concentração e memória”, descreve a médica Mônica Mulatinho. Para ela, crianças esquecidas são situações extremas, que podem denotar ausência de responsabilidade. “Os episódios devem ser avaliados com muito critério, pois, muitas vezes, suas causas são multifatoriais”, afirma.

No campo da prevenção, a médica esclarece que as relações afetivas são o principal termômetro e, ao mesmo tempo, o principal antídoto para o problema. A família, quando atenta, percebe que algo não vai bem. É quando o pai já não tem o mesmo tempo e a mesma disposição de antes ou quando a mãe apresenta reações exacerbadas. “A perda de calor e qualidade nas relações é sempre um alarme”, considera.

Ao mesmo tempo, uma rede afetiva sólida é fundamental para a manutenção do bem-estar biopsicossocial. Quando há menores em jogo, a saúde global dos pais é uma exigência. “Eles devem estar atentos, alertando um ao outro ou pedindo ajuda quando necessário”, finaliza Erich Botelho.



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