Déficit de atenção
Postada em: 01/09/2007
Fonte: Estado do Paraná - PR 04/07/2007

Os professores se queixam do seu comportamento. Ele está sempre irrequieto, impulsivo, não consegue se concentrar, está sempre desatento e tem pouco aproveitamento escolar? Invariavelmente, é assim que começa o relato de uma mãe que procura o apoio de um especialista para diagnosticar em seu filho o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Esses tipos de comportamento, muitas vezes confundidos com indisciplina, são as principais características desse mal que atinge cerca de 3% das crianças em idade escolar. De acordo com especialistas, o distúrbio é caracterizado pelo tripé: falta de concentração, impulsividade e inquietação.

É justamente na idade escolar que o transtorno fica mais aparente, pois se todas as demais crianças conseguem se manter atentas ao que o professor fala e ele não, a suspeita se torna mais evidente. "Isso atrapalha muito o rendimento, pouco a pouco ele vai sendo discriminado pelos colegas, pelos próprios professores, porque ele está sempre fazendo bagunça", comenta o psiquiatra Paulo Matos, da Associação Brasileira de Déficit de Atenção. Assim, continua o médico, pouco a pouco a criança passa a ter uma piora na auto-estima e o abandono escolar se torna muito comum. O presidente alerta para um problema recente que está ficando bastante evidente para todos que trabalham com TDAH: o aumento da prevalência de uso de drogas e álcool quando essas crianças se tornam adolescentes.

Professor atento

Geralmente, esse distúrbio pode ser diagnosticado utilizando-se o histórico da criança, que tem a biografia sempre parecida: sofrem de distúrbios do sono, são estabanados quando começam a andar, apresentam retardos na fala e vivem trocando as sílabas das palavras. Por isso, o psiquiatra gaúcho Luiz Augusto Rodhe esclarece que a observação de pais e professores é fundamental para diagnosticar a doença. "Muitas vezes, esses sintomas passam despercebidos em casa, mas na escola eles se tornam mais evidentes", reconhece.

O TDAH ainda não tem uma causa única comprovada. Sabe-se que o fator mais importante é a hereditariedade, uma vez que é comum encontrar várias pessoas acometidas pelo distúrbio numa mesma família. Rodhe salienta, no entanto, que é preciso distinguir com precisão a criança que busca apenas chamar a atenção daquelas com o distúrbio. Para determinar a incidência do transtorno é necessário um acompanhamento constante por, no mínimo, seis meses. "Nesse período devem estar presentes, associadamente, sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade", orienta o médico.

O neuropediatra Sérgio Antoniuk explica que, embora prejudiquem a capacidade de atenção e concentração, esses transtornos podem ser tratados. "Nos casos leves indicam-se a terapia e a orientação pedagógica, os mais severos são tratados com medicamentos", explica. O prazo médio de duração do tratamento é em torno de dois anos. No entender do especialista, um dos obstáculos para o tratamento de crianças com TDAH é a resistência dos pais. "Eles custam a admitir que o filho é hiperativo", completa o médico.



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