Sinais que podem salvar.
Postada em: 25/08/2012
Fonte: GAZETA DO POVO – PR

Diagnóstico e atendimento rápido são fatores decisivos para se reduzir a mortalidade e as sequelas do AVC Como um raio, uma forte dor de cabeça atingiu o gerente Odário Cunha, 40 anos. A dor veio seguida por um desequilíbrio que o fez cair na cozinha do apartamento. No chão ele percebeu que o lado esquerdo do corpo estava paralisado. Com a mão direita ele então pegou o celular e pediu socorro a um amigo – apesar de as palavras já saírem com dificuldade. Odário descobriria mais tarde que havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame. Caracterizado pela morte de um conjunto de neurônios pelo entupimento de uma artéria cerebral (o chamado AVC isquêmico) ou pelo seu rompimento (AVC hemorrágico), esse mal atinge uma em cada seis pessoas no mundo e mata cerca de 100 mil brasileiros ao ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. O alto índice de mortalidade e de casos que deixam sequelas severas é agravado por uma demora no atendimento correto dos pacientes. Controle Prevenção passa por hábitos saudáveis e diminuição do estresse Uma das principais formas de se prevenir o AVC, especialmente o do tipo isquêmico, é controlar o nível de colesterol. “O seu depósito nas artérias é uma das principais causas de entupimento”, explica o neurologista João Sabagg. O controle de doenças cardíacas também é fundamental, pois elas podem gerar coágulos que migram para artérias do cérebro. Já em famílias com histórico de AVC hemorrágico, exames neurológicos podem prevenir a manifestação do ataque por problemas congênitos. Ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e controlar o estresse (que também deixa o organismo mais vulnerável ao AVC) são formas de prevenção indicadas pelos médicos, junto com o controle de fatores de risco como tabagismo, alcoolismo e uso de pílula anticoncepcional. A fisioterapia é uma das principais formas de reverter algumas sequelas do AVC. No mês de junho, após sair do hospital, Odário Cunha não conseguia andar. Mas, fazendo fisioterapia três vezes por semana, em julho ele já caminhava novamente. Hoje continua as sessões para que todo o lado esquerdo do corpo volte ao seu funcionamento normal. “Acredito que em pouco tempo estarei bem melhor, pronto para voltar ao trabalho”, diz. Para ele, o sucesso na recuperação depende tanto da força de vontade de cada um quanto do apoio da família e dos amigos. “Sem isso você pode cair em depressão diante das dores e limitações que surgem.” Urgência “O cérebro é um órgão muito sensível, por isso o paciente não tem tempo a perder em um posto de saúde que não poderá atendê-lo. Ele precisa ir direto a um hospital de referência”, diz a neurologista e professora da Universidade Federal do Paraná Viviane Zétola. Esse encaminhamento se torna mais ágil se o paciente ou alguém que preste um socorro inicial identifique os sintomas do AVC e os comunique a um neurologista. “Muita gente conhece os indícios de um ataque cardíaco, mas, infelizmente, não os do AVC”, diz Zétola. Para alertar a população sobre os principais sintomas, em campanhas de conscientização, é usada didaticamente a sigla Samu. “S” é para “sorrir”, pois, com o AVC, ao fazer isso a pessoa entorta a boca de um lado só; o “a” remete a “abraçar”, visto que a pessoa perde força e não consegue levantar um dos braços ao fazer isso; “m” remete a “música”, pois o indivíduo não consegue cantar ou falar direito. Já o “u” vem de “urgência”, visto que o AVC se manifesta abruptamente e deve ser tratado de imediato. Por fim, a recomendação básica é chamar, pelo telefone 192, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu, ou então buscar atendimento imediato por meio de um plano de saúde ou privado. Tratamento A depender do perfil do paciente que sofre um AVC isquêmico (tipo de derrame que ocorre em 85% dos casos), suas chances de sobrevivência aumentam bastante se o neurologista aplicar um trombolítico (remédio que “dissolve” o coágulo) em um prazo de até quatro horas e meia após a manifestação dos sintomas. “Com o medicamento, a área de má circulação do sangue é revertida, reduzindo sensivelmente eventuais sequelas”, diz João Sabagg, neurologista do Hospital Evangélico. Em um AVC hemorrágico a rapidez do atendimento também é essencial. Acometido por esse tipo, Odário foi levado ao Hospital Vita, onde foi atendido em uma hora. Essa rapidez evitou sequelas graves como comprometimento do raciocínio, da memória e da expressão, paralisia motora ou perda da capacidade de deglutição. “Uma irmã minha de 34 anos também teve um AVC quando estava em Guaratuba, mas morreu por não ter tido um atendimento adequado como o meu”, conta o gerente.

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