Ervas da ´vovó´ têm eficácia reconhecida
Postada em: 15/05/2010
Fonte: FOLHA DE LONDRINA – PR

Cultivadas num cantinho do quintal ou em floreiras nas varandas de apartamentos e muito procuradas em casas de raízes, as plantas e ervas medicinais sempre foram bastante populares no Brasil. E, de uns tempos para cá, ganharam ainda mais espaço. As chamadas ´´drogas vegetais´´ estão extrapolando as ´´receitinhas da vovó´´ e ampliando suas aplicações. Já contam, inclusive, com o importante reconhecimento de muitos profissionais da saúde e, mais recentemente, da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Anvisa publicou, há dez dias, uma resolução que visa ´´popularizar´´ o conhecimento sobre as plantas terapêuticas e esclarecer quando e como elas devem ser usadas para se alcançar efeitos benéficos. A Agência divulgou um manual com informações sobre quase 70 espécies com a intenção de alertar sobre o risco de interações com outros medicamentos, do preparo incorreto ou de ingerir uma dosagem maior que a indicada.

Para tornar mais segura a produção e o comércio das drogas vegetais, as empresas terão que notificar a Anvisa sobre a fabricação, importação e comercialização. Também terão que garantir que os produtos estão livres de microorganismos antes de liberá-los para o consumo. As embalagens deverão conter informações como nome e endereço do fabricante, datas de fabricação e validade, indicações comprovadas, precauções e contra indicações de uso.

No final do ano passado, a Anvisa liberou o uso de seis plantas para o tratamento de doenças de menor gravidade. Em Londrina, a rede pública de saúde já usa essas plantas e mais 34 fitoterápicos que estão disponíveis em 23 unidades de saúde, destacou o responsável pelo Programa Municipal de Fitoterapia, o médico especialista Rui Cépil Diniz.

´´Desde que haja orientação da população para não fazer disso uma regra e se tenha um uso racional, considero uma medida muito importante´´, elogiou Diniz, advertindo que o risco maior é com a auto medicação e com a falta de controle governamental. ´´Como podemos ter certeza de que o que está escrito é o que está contido na embalagem? Já tive o desprazer de abrir um sachê de camomila de uma marca famosa e não era camomila´´, citou o especialista.

Inclusão social

Nas casas de raízes, as drogas vegetais nunca saíram de moda. Donos da mais antiga loja do ramo de Londrina, com 25 anos de história, o casal Jefferson Baclan de Melo e Wellika Garcia de Melo, mantêm uma carteira com cerca de 350 tipos de ervas e plantas. ´´Atendemos desde jovens que são indicados pelos pais, avós ou conhecidos até idosos que já usam plantas desde crianças´´, destacaram. Eles acreditam que a cartilha da Anvisa vai desmistificar ainda mais este tipo de tratamento.

Atordoado com uma infecção urinária, o vendedor Arnaldo Benitez se consultou no Pronto Atendimento Municipal (PAM) e foi medicado. Para garantir, adquiriu uma porção de cavalinha para tomar o chá por sete dias. ´´Há 70 anos minha avó já tratava a gente com fitoterápico e homeopatia. Para mim, funciona muito mais rápido do que a alopatia (medicamento convencional)´´, comentou.

E as plantas já estão sendo usadas também como meio de inclusão social. O exemplo vem da Casa da Mulher de Londrina. A gerente de inclusão produtiva socioprodutiva da Secretaria Municipal da Mulher, Cristina Satiko Sugioka, mostrou que na chácara na Zona Leste onde as mulheres são atendidas existe um horto fitoterápico com uma infinidade de espécies, que é usado para ministrar cursos terapêuticos para a comunidade. A lista de espera conta com mais de 60 nomes. Um outro objetivo nobre é buscar a geração de renda. Cristina citou que está discutindo projetos com duas universidade públicas paranaenses para produção e comercialização de tintura de citronela e produção de mudas.


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