O inimigo é o sal
Postada em: 09/07/2007
Fonte: Zero Hora - RS 02/05/2007

Os danos do sal para a saúde são piores do que se pensava. Uma pesquisa publicada na edição deste mês da revista científica British Medical Journal (www.bmj.com) revela que gramas a mais do condimento na dieta elevam a pressão arterial e, com isso, aumentam em 20% as chances de morte prematura.

É a primeira vez que um estudo quantifica o efeito maléfico do sal. Até então, a medicina reconhecia a relação entre o alto consumo do condimento e a hipertensão, uma doença silenciosa que afeta um em cada três gaúchos. Mas desconhecia seu impacto no aparecimento de doenças cardiovasculares.

- Nenhum estudo até agora havia calculado esse risco. Os resultados reforçam a necessidade de mudar hábitos alimentares para controlar a pressão alta - diz Flávio Fuchs, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Segundo os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, que acompanharam durante 15 anos mais de 3 mil pacientes diagnosticados com pré-hipertensão, o ideal é consumir apenas seis gramas de sal por dia - quantidade presente em três cacetinhos, por exemplo. O consumo médio de um porto-alegrense é o dobro disso, oscila entre 10 e 15 gramas diárias.

No longo prazo, a recompensa vem com o aumento da expectativa de vida. O estudo mostrou que o grupo de pacientes orientados a seguir uma alimentação pobre em sal reduziu em 25% os riscos de sofrer infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) se comparado aos voluntários que abusaram do condimento.

Fuchs, um dos mais importantes pesquisadores brasileiros em hipertensão, acredita que o resultado do estudo norte-americano deve contribuir para uma mudança já em curso na indústria alimentícia: a de redução da quantidade de sal usada como conservante nos alimentos, substituindo-o por fórmulas sem sódio (um dos componentes do sal). A medida toma como exemplo o que vem ocorrendo com a gordura trans, aos poucos banida dos alimentos industrializados desde que foi considerada o inimigo número um do colesterol.

Enquanto esses planos não saem dos laboratórios, especialistas recomendam adotar pequenos hábitos. Um deles é prestar atenção na quantidade de sódio expressa nos rótulos dos alimentos - até refrigerantes contém sal. Aumentar a ingestão de grãos, frutas, vegetais, produtos lácteos e dar preferência a carnes magras também ajudam a eliminar o excesso de sal no organismo.

- Evitar o saleiro na mesa contribui - indica Otávio Gedara, professor de cardiologia da Universidade de São Paulo (USP).

Na opinião da coordenadora do Ambulatório de Hipertensão do Instituto de Cardiologia do Estado, Katya Rigatto, ao contrário do que pensa o senso comum, comidas sem sal não são sem gosto:

- É possível sentir o verdadeiro sabor dos alimentos.



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