Própolis é utilizado no combate à leishmaniose
Postada em: 25/06/2007
Fonte: Correio popular - SP 26/03/2007

O extrato de própolis produzido pelas abelhas pode ser o mais novo aliado ao tratamento da leishmaniose, doença que atinge até 30 mil pessoas por ano no Brasil. A notícia vem das pesquisas desenvolvidas por uma equipe do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que já obteve resultados positivos e promissores nos ensaios in vitro com o uso de uma droga feita à base de extrato de própolis. A equipe do IB avança também os estudos para combater a doença com uma outra droga sintetizada em laboratório e que emprega o elemento químico telúrio.

A professora Selma Giorgio, do Laboratório de Leishmaniose do Departamento de Parasitologia do IB, coordenadora dos estudos sobre a leishmaniose, disse que a droga à base de extrato de própolis foi um sucesso e, por isto, já foi patenteada. “O extrato de própolis combate bactérias e fungos com eficácia e obteve resultado promissor nos testes in vitro, no caso da leishmaniose”, explicou. As pesquisas iniciadas em 2004 têm como alvo principal a leishmaniose cutânea, causada pela Leishmania amazonensis, mais comum na região Norte do País.

A pesquisadora afirmou que o objetivo é desenvolver medicamentos eficazes, que não produzam efeitos colaterais perversos. Selma lembrou que as drogas existentes no mercado têm a propriedade de curar a enfermidade, porém elas causam sérias reações. Outra preocupação é a identificação da doença, que nem sempre é feita com a rapidez necessária e pode evoluir. “É capaz de provocar a morte do paciente, principalmente quando é do tipo visceral”, afirma a bióloga. Os efeitos colaterais são, em sua maioria, casos de cardiopatia (coração) e de nefropatia (rins).

Para desenvolver a pesquisa com própolis, Selma contou com o trabalho da aluna Diana Copi Aires e da professora Maria Cristina Marcucci Ribeiro, da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban). As três pesquisadoras utilizaram culturas de células e adicionaram a Leishmania. Quando o protozoário infectou as células, as cientistas aplicaram a droga feita com própolis. “A equipe verificou que, após a aplicação da droga, as culturas celulares apresentaram redução significativa na quantidade de parasitas”, disse Selma.

O própolis foi diluído em etanol para se transformar em líquido aplicável nas experiências em células. “O própolis de cor verde, vindo de Minas Gerais e do Paraná, obtiveram redução de 80% dos parasitas. O própolis vindo de Alagoas, de cor vermelha, reduziu em 100% os parasitas”, disse Diana.

A experiência in vivo é a próxima etapa a ser adotada pela equipe do IB. Uma pomada com extrato de própolis será aplicada em uma linhagem especial de camundongos, preparada para esta nova fase dos testes. O processo é o mesmo, as pesquisadoras vão provocar a leishmaniose cutânea nos animais para, depois, aplicar a droga na forma de pomada. Os primeiros resultados estão previstos para este semestre. No final do ano, Diana deverá apresentar tese de doutorado com a descrição de suas experiências.

Outra droga testada pelas pesquisadoras do IB utiliza o telúrio na sua composição. O processo de síntese do composto foi desenvolvido pelo médico Rodrigo Cunha, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os testes na Unicamp servem para ampliar os estudos e entender melhor como a substância ativa age no combate ao parasita. O terceiro estudo desenvolvido pela equipe do IB é sobre a evolução da leishmaniose no organismo para combater a doença com maior eficácia. Neste trabalho foi descoberto que a oferta de oxigênio para as células pode diminuir as lesões cutâneas.

A leishmaniose é popularmente conhecida como ferida brava ou úlcera de Bauru. A doença causa lesões na pele, nariz, garganta e nas vísceras. Ela é causada pelo parasita Leishmania, cujo vetor é a fêmea do mosquito palha ou birigui. O homem, o cachorro e outros animais podem servir de reservatórios ao parasita.



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